domingo, 11 de dezembro de 2016

Visita à Bodega Pizzorno

A visita que fizemos à Pizzorno, assim como a da Pisano, também foi fantástica. Uma verdadeira visita técnica. Francisco Pizzorno mostrou todos os detalhes da produção. Desde a verificação do potencial alcoólico dos lotes dos vinhedos, através da utilização do refratômetro, passando por prova de vinhos brancos em tanques de aço inox e, realizando, até mesmo prova de barrica de um Tannat que repousava nas caves da vinícola. É sempre bacana ver uma nova geração levando o trabalho da família adiante com maestria.


A Pizzorno é uma vinícola de grande vibração, onde novas ideias são sempre bem vindas. Não é à toa que eles trabalham muito bem com algumas castas não tradicionais no Uruguai, a exemplo da Malbec. Produzem, também, um incomum Tannat feito através de maceração carbônica, que mostra uma lado totalmente desconhecido dessa casta. Fazem, ainda, alguns espumantes pelo método tradicional, que nos agradaram bastante. Não bastasse tudo isso, o Francisco Pizzorno ainda tem um projeto pessoal, no qual ele trabalha com a Petit Verdot, inteiramente em barris de carvalho, nos quais ocorre toda a fermentação, maceração e amadurecimento dos vinhos. O bacana é que nessa última leva eram apenas duas barricas que estavam sendo produzidas, um vinho de muito exclusividade.


Falando dos vinhos, iniciamos a prova com o Don Próspero Sauvignon Blanc 2015 e uma prova de tanque da safra 2016 que também estava fantástica. Ele tinha cor amarelo palha. Nos aromas as notas cítricas comandavam, sendo nítida a presença de maracujá. Na boca tinha boa acidez e corpo leve como é característica da casta. Muito bom. O curioso é que a colheita é feita em 3 parcelas, cada uma em um momento diferente. Há uma diferença de 12 dias entre a primeira colheita, sendo que a primeira oferece frutas com mais acidez e a última mais aromas e aspectos cítricos nas uvas.  
  


Na sequência degustamos o Don Próspero Maceração Carbônica Tannat 2015, mostrou como toda criatividade dos Pizzorno consegue se traduzir em qualidade. Inclusive ele foi eleito pelo guia Descorchados como vinho revelação. Em nada se parecia com os Tannats que estamos acostumados. Tinha cor rubi claro. No nariz eram nítidos os aromas de framboesa, tutti-frutti e banana, a lembrar um Beaujolais. Na boca mostrou corpo leve e com ótima acidez. 
  

Provamos, também, o Don Próspero Tannat Malbec 2015, que talvez seja o tinto de melhor custo x benefício da vinícola. É incrível o trabalho que eles fazem com a Malbec e ela gera resultados tão bons que entra no corte do vinho topo de gama dele, o Primo. Na safra 2011 a Malbec representou 20% do corte do Primo. Analisamos o Don Próspero Tannat Malbec 2015 e ele apresentou cor rubi de média intensidade. No nariz foi possível perceber frutas vermelhas e toques florais. Na boca o corpo era médio, os taninos macios e a acidez presente. Muito bom. Foi um dos preferidos dos confrades que estavam conosco na visita.


Tivemos a felicidade de provar, também, o Pizzorno Reserva Tannat 2013, além de uma prova de barrica do 2015. Um belo exemplo do nível em que a Tannat pode chegar no Uruguai. Mostrou cor rubi com reflexo violáceos de média intensidade. Nos aromas percebemos frutas maduras escuras como amoras, tudo em notas licorosas, além dos aromas vindos do aporte em barrica como pimenta do reino e cedro. Na boca era encorpado com taninos presentes, mas de qualidade. A acidez era alta, como é comum nos tintos uruguaios. A persistência mostrou-se longa e agradável. Muito Bom.


Falando do projeto particular de Francisco Pizzorno, provamos o Petit Verdot Exclusivo (2014/2015). O nome já diz tudo. Da leva que estava sendo feita eram apenas duas barricas que estavam sendo trabalhavas na cave. As uvas são colocadas inteiras nas barricas e todo processo de fermentação e maceração é feito lá, através da ação de leveduras indígenas. Além disso ele ainda faz o blend de safras. A garrafa que adquirimos é um blend das safras 2012/2013. Quando degustado tinha cor rubi, com o halo sutilmente mais claro. No nariz percebemos notas defumadas, terrosas, noz moscada, chocolate e ervas finas, além de frutas escuras. Foi consenso que no nariz foi o vinho mais complexo que provamos lá. Na boca era encorpado, com taninos presentes, longa persistência e um sutil amargor no fim. Algum tempo em garrafa vai fazer bem para deixá-lo mais macio. Sem dúvida um vinho de muito caráter e personalidade.


O último tinto que degustamos foi o Primo 2011. É o vinho topo de gama da vinícola, feito com uvas de uma safra considerada histórica. Tanto é assim que ele recebeu nota 93 no Guia Descorchados de 2016. Trata-se de um corte feito com Tannat (50%), Cabernet Sauvignon (25%), Malbec (20%) e Petit Verdot (5%), que passa por 12 meses em barris de carvalho francês e americano. Foram feitas apenas 1500 garrafas. Quando degustado mostrou cor rubi intenso. Nos aromas foi possível perceber uma mescla de frutas negras em compota como amora e ameixa, além de especiarias como noz moscada e pimenta do reino. Na boca era encorpado, com ótima acidez e persistência. Um final de boca realmente longo. Ainda vai se beneficiar com o tempo em garrafa, quando os taninos ficarão ainda mais macios e os aromas terciários agregarão ainda mais complexidade. Muito bom (+).


E para limpar o palato depois dessa quantidade de vinhos, provamos aquele que foi considerado o melhor espumante do Uruguai pelo guia Descorchados 2016, o Pizzorno Rosé Nature Pinot Noir. Ele mostrou cor salmão. Nos aromas sentimos notas cítricas e de frutas vermelhas maduras, como framboesa. Na boca tinha ótima cremosidade, acidez e persistência. Um belo espumante. Muito bom.


Depois dessa visita maravilhosa, só temos que agradecer a Francisco Pizzorno e toda a equipe da vinícola que nos recepcionou tão bem e nos deu uma verdadeira aula sobre o manejo das videiras e os métodos de produção dos vinhos. Esperamos voltar em breve!

Nenhum comentário:

Postar um comentário