segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Continuando o tour pela Serra Gaúcha IV - Vinícola Geisse, uma experiência muito além das borbulhas


Sabemos que hedonismo como teoria filosófica grega por si só não se sustenta, mas experiências hedonísticas agregam muita felicidade ao indivíduo, aqui estamos tratando de uma experiência enoturista de excelência que deve se fazer sem pressa.
 
A Vinícola Geisse fica incrustada no distrito de Pinto Bandeira a uns 40 quilômetros do centro de Bento Gonçalves e foi fundada pelo engenheiro agrônomo e enólogo Mario Geisse, chileno, em 1979, contratado para implantar projeto para a Moët & Chandon do Brasil, ele descobriu esse terroir para a produção de espumantes de qualidade. Iniciou seus trabalhos de qual seria o local mais apropriado para plantar seus vinhedos, escolhendo a região de Pinto Bandeira, mais tarde descobriu que não estava errado, solo basáltico com boa drenagem.

Foi pioneiro na região no método de produção por espaldeiras altas, com produções menores, primando pela qualidade do produto, mais exposição solar, e menos propensão a intempéres climativas da região como precipitações, granizo e ventanias que atingiam o método anterior realizado na região chamado de “latada”, voltado a produção massiva de vinhos de mesa.

Nos espumantes, foi pioneiro também em somente produzir espumantes em método tradicional ou “champenoise”. Ele dispõe basicamente quatro linhas de espumantes, o de entrada, chamado Cave Amadeu (Brut e Rosé) com 12 meses de guarda; o Cave Geisse (Nature, Brut e Rosé) com 24 meses de guarda, e os Blancs (Blanc de blanc, Blanc de Noir e Extra Brut) com 30 meses de guarda, e por fim, a linha Terroir, que seriam os espumantes top da casa, tendo o Terroir Nature e o Terroir Brut Rosé. Incansável, o produtor ainda começou a investir na produção de uma linha de tintos chamada Mario Geisse para fins de experiência, e como se trata de um chileno, nada mais pertinente do que as castas Carménere e Cabernet Sauvignon para a produção de seus varietais.


Mas a referida vinícola acertou mesmo quando, a partir da administração de um de seus filhos, resolveu investir em atividades enoturísticas distintas da tradicional visita e degustação de alguns rótulos, e passou a abrir o horizonte para brindar o turista além dos já afamados espumantes, de experiências distintas na própria vinícola.

A primeira delas é o Open Lounge, um food truck com estrutura de apoio localizado nos jardins em frente a vinícola que oferece pequenos lanches harmonizados com seus melhores espumantes, serve demais para grupos de turistas que fizeram a visita e tem interesse em desfrutar um final de tarde petiscando e bebericando borbulhantes em uma das propriedades mais bonitas da região.
 

A propriedade possui  também dentro dela uma área de preservação permanente, mais precisamente, uma mata ciliar fechada com riacho e cachoeiras, assim foi bolado um passeio 4x4 off-road com duração de 1h30min chamado de “Geisse Experience” que leva o turista a conhecer seus vinhedos e seus arredores, acompanhado de um guia que explica a história da vinícola, da propriedade e dá detalhes de forma descompromissada e descontraída de como a Geisse chegou ao nível de excelência na produção de espumantes nacionais. Existem duas paradas obrigatórias no passeio em espaços especialmente estratégicos e preparados para os brindes, o primeiro deles se dá no meio do riacho que corta a propriedade e logo acima possui um cachoeira em que provamos o Cave Geisse Brut Rosé, bem refrescante e delicado. 

Logo em seguida, seguimos no meio dos vinhedos, cruzando os parreirais e chegando a parte mais alta da propriedade em que possui um mausoléu, um heliponto e uma base de apoio para o segundo brinde que foi com o espumante mais vendido da Vinícola - o Cave Geisse Brut, sem dúvida, o espumante é muito consistente, perlagem longa, aromas de panificação, brioche, manteiga e na boca, de acidez moderada e retrogosto que repete os aromas com muito frescor e acidez no ponto ideal, perfeito para o pôr-do-sol que estava a surgir no horizonte e em meio aos vinhedos.

Grande experiência, grandes espumantes, belíssimas paisagens e a certeza de que acertaram na dose ao aliar o que a vinícola produz de melhor – seus espumantes - com o que possui de belezas naturais.

Texto de autoria de Serpa Júnior

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