domingo, 3 de julho de 2016

Los Pisanos son los Pisanos

Um dia desses nós vimos o Gustavo Pisano postando essa frase no facebook e, depois de conhecer os irmãos Pisano de perto, ela passou a fazer muito sentido para nós. Não há dúvida de que eles são os caras, como costumamos dizer aqui no Brasil. Foi um privilégio desembarcar no Uruguai e ter como primeiro destino essa extraordinária bodega. São grandes vinhos, feitos por grandes pessoas.

Conhecemos toda a parte produtiva da vinícola, para depois provar os vinhos num sala de degustação que é uma extensão da casa da mãe deles, não haveria como se sentir mais em casa. Além disso, Daniel Pisano é extraordinário, uma figuraça, como sempre havíamos lido nas resenhas de outros blogueiros/jornalistas. É um cara de muita simpatia e grande energia. Tudo verdadeiro e espontâneo. 

Conversamos desde como o pai deles levou a Torrontés para o Uruguai - sim, um raro Torrontés feito fora da Argentina -  e até mesmo como o Axis Mundi, o eixo da Tannat no mundo, foi um acidente. Era um vinho que não tinha atendido às expectativas imediatas deles, mas que virou um verdadeiro néctar após o devido repouso em barricas na adega. Os Pisanos estão certos em afirmar que o Axis Mundi é o centro do universo dos Tannats. É a mais pura verdade. Um grande vinho produzido por quem sabe que faz grandes caldos.

E não nos esqueçamos de Gabriel Pisano, filho de Eduardo Pisano, com suas ideias inovadoras, que mostrou  muito talento nos vinhos que tivemos oportunidade de degustar.

A personalidade dos Pisanos está muito presente em seus vinhos, que são realmente autorais. É um misto de tradição e irreverência que só dá para entender provando.

Mesmo assim, vamos dividir com vocês a nossa opinião sobre os vinhos que degustamos naquele dia especial.

Viña Progreso Viognier 2015. Mostrou cor amarelo palha com reflexos dourados. Nos aromas foi possível perceber notas cítricas e florais. Na boca mostrou bom corpo e média acidez. (Bom)

Pisano Rio de Los Pájaros Torrontés 2015. Vinho de cor esverdeada. No nariz mostrava aromas florais. Na boca era de corpo e acidez medianas, com um sutil amargor no fim que é característico dessa casta. (Bom -)

Pisano Rio de Los Pájaros Pinot Noir. Na análise visual apresentou cor rubi claro. No nariz percebemos cereja, framboesa e um defumado sutil. Na boca o corpo era leve e a acidez presente. (Bom +)
 
Viña Progreso Tannat 2013. Um vinho de cor rubi escuro com reflexos violáceos. Nos aromas as frutas negras estavam presentes, além da barrica bem integrada. Na boca era encorpado e com uma adstringência no fim. Um vinho que ainda está jovem e vai evoluir com o tempo em garrafa. (Bom).

Viña Progreso Sangiovese 2013. Tinha cor rubi de média intensidade, com um sutil reflexo atijolado. Nos aromas predominavam frutas vermelhas e especiarias como a pimenta do reino. Na boca apresentou bom corpo e ótima acidez. Naquela oportunidade estava mais pronto que o Tannat. (Bom/Muito bom)

Pisano RPF Tannat 2013. Foi unânime entre todos os confrades ter sido o melhor vinho custo x benefício da viagem. Lá pagamos algo próximo de uns R$ 45,00, absurdamente barato. Cor violáceo profundo. Nos aromas percebemos frutas negras, notas defumadas e a barrica muito bem integrada. Na boca era encorpado com taninos de qualidade e muito nervo. Sem dúvida uma vinho com aptidão gastronômica. É para acompanhar um belo churrasco. (Muito Bom)

Pisano RPF Petit Verdot 2011. Resume muito bem o que é um vinho longevo. Com cinco anos de idade ainda se mostrava com cor violeta profundo. Nos aromas percebemos ameixas em compota, cedro e notas especiadas. Na boca era encorpado e com ótima acidez. Um verdadeiro vinho de guarda. (Bom/Muito Bom)

Pisano Arretexea 2009. É o topo de gama quando o Axis Mundi não é lançado. Apresentou cor Grená com halo sutilmente atijolado. No nariz mostrou aromas licorosos, notas de chocolate e muitas especiarias, a exemplo de pimenta do reino e noz moscada. Na boca era muito equilibrado, com taninos de veludo e acidez na medida. Recebeu nota 18/20 pela famosa crítica Jancis Robinson. (Muito Bom +)

Pisano Axis Mundi 2011 - Somente foi produzido em duas oportunidades, mais precisamente em 2002 e, por fim, no ano de 2011. Em 2002 recebeu nota 18,5/20 de Jancis Robinson. Na cor era rubi prufundo, quase negro. Nos aromas notamos frutas negras (amoras e ameixas) licorosas, além de toques de cedro e pimenta do reino. Na boca, um verdadeiro colosso. Muito concentrado, mas com taninos de veludo, acidez firme e persistência quase infinita. Fantástico. Pelos confrades que viajaram conosco foi tido como melhor vinho da viagem. (Excelente)

Etxe Onenko Tannat Licoroso. Foi uma das primeiras aventuras de Gabriel Pisano na enologia. Um dos melhores vinhos licorosos do Uruguai. Recebeu nota 18/20 de Jancis Robinson. Muito merecido. Quando degustado apresentou cor atijolada em um tom profundo. No nariz percebemos geleia de frutas negras e toques especiados. Na boca tinha muito equilíbrio entre açúcar e acidez, além de taninos completamente amaciados pelo tempo. (Muito Bom)

Foi uma visita para não sair da memória, com grandes vinhos e grandes pessoas e não poderia ser diferente, afinal: Los Pisanos son los Pisanos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário