quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Um trail run vínico na Serra Gaúcha... Cruze a linha e encha sua taça!

No dia 20/05/2017, tivemos a oportunidade de participar de uma das provas de corrida mais interessantes do calendário nacional – a Winerun CAIXA Bento Gonçalves 2017, que era, sem dúvida nenhuma, uma das provas mais aguardadas deste ano por nós, por tudo que envolve, além da junção de vinho e corrida, em meio aos parreirais no Vale dos Vinhedos. A proposta aqui do Enoturismo alinha a prova dos melhores vinhos do país ao benefício da prática esportiva numa região ímpar da Serra Gaúcha.

Tratemos então propriamente da corrida, ela largou em frente a Vinícola Gran Legado, pequena e charmosa, dentro dos limites do Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves/RS, contando com a participação de cerca de 1.200 atletas amadores para uma prova de Meia Maratona (individual – 21kms ou revezamento em dupla – com parciais de 12 e 9kms).

A prova continha trechos em cascalho, asfalto, mas sendo em mais de 80% do percurso constituída de estrada de terra batida. A organização, sabendo se tratar de uma prova em zona rural e de maior dificuldade de acesso, disponibilizou aos corredores uma boa estrutura de transporte coletivo com diversos ônibus que faziam o trajeto do hotel oficial do evento para a largada, e da chegada para o mesmo hotel.

O dia da prova prometia fortes emoções pelas pelas previsões climáticas de bastante chuva com trovoada e amanheceu de fato muito nublado, mas com o clima é que nem noticiário político no Brasil, a mudança veio ligeiro; e dessa vez, os ventos sopraram ao nosso favor, o tempo abriu apesar da temperatura amena, perfeito para uma corrida de montanha em uma serra. 
A prova iniciou pontualmente às 9hs, e na largada já na vinícola Gran Legado a organização montou uma estrutura adequada de banheiros químicos, entrega de chips de pulso, hidratação, DJ (som) e guarda-volumes móvel, sem a existência muitas vezes desastrosa de tendas de assessorias esportivas espalhadas pela largada dificultando a localização dos estandes, pois a largada fica dentro do estacionamento em frente a referida vinícola em uma zona rural afastada do centro urbano de Bento Gonçalves/RS.

O início do percurso em estrada estreita continha trechos de pequenas retas e declives muitos tranquilos, que foram se intensificando até o km 06. Realmente nessa parte era ladeira abaixo e era preciso ter cuidado. Como se trata de uma estrada de terra batida com muita folhagem e desníveis laterais, fica aqui a observação de que se chovesse realmente ficaria complicado para os corredores e poderia gerar alguns riscos aos participantes pelo possibilidade de quedas, felizmente o clima ajudou. Faço esse parêntese aqui até como sugestão aos organizadores, de se escolher talvez uma outra época para a prova, em que tenha temperaturas igualmente amenas como as que encontramos, mas menos chuvosa na região, como é o mês de maio na Serra Gaúcha.

A paisagem foi um personagem a parte dessa corrida, muitos parreirais em terreno montanhoso (trata-se de uma fenda de um vulcão extinto na região do Vale dos Vinhedos) com uma leve serração ainda existente no início do dia em algumas passagens que foram se dissipando, e inúmeras árvores chamadas plátanos que são nativas da América do Norte, típicas dos climas subtropical e temperado e que servem na região para segurarem as espaldeiras. Contorna ainda o percurso pequenos riachos e vegetação de Mata Atlântica fechada, o que gerava uma sensação de contemplação dos corredores que não se continham e fotografavam alguns trechos, como este subscritor. Além de inúmeros parreirais, existiam ainda pequenas plantações de mirtilo, amoras e caquis para a produção de geleias, bem características da região, além de rebanhos de ovelhas subindo pequenas encostas. Inegavelmente um percurso deslumbrante para os amantes do vinho, se fosse em época de colheita, dava para realizar um pit stop para abastecimento de energéticos naturais, o que evitaria os sarnentos sachês de gel de carboidratos adoçados.

Mas nem tudo foi só festa e alegria, no km 07 a coisa ficou mais complicada, iniciaram as subidas, e que subidas!!!! A prova realmente é de “montanha” literalmente e o trecho de subidas era seguido com inclinações muito íngremes, a altimetria marcou quase 500 metros entre o nível mais baixo e o mais alto do percurso da prova. Não é exagero dizer que nem se aventurem aqueles que não treinam em subidas, pois aqui a coisa é bastante séria. Da minha parte, as pernas sucumbiram no km 09, e iniciamos pequenas caminhadas em vários trechos mais pesados das ladeiras seguidas de trotes leves. Lado negativo? Que nada, deu mais chance de apreciar ao redor, e tirar algumas belas fotos do local, passamos por diversas vinícolas de pequenos produtores, além das já conhecidas Pizzato, Miolo, Casa Madeira, pertencente a Casa Valduga, até chegarmos na Leopoldina – parque local pertencente a esta última.
Sim, fizemos antes um revezamento, no km 12, sendo o segundo trecho o de maior quantidade de asfalto e mais plano com uma ladeirinha cruel nos últimos dois quilômetros, passando novamente pela lateral da Vinícola Gran Legado da largada. Divertido constatar que havia em alguns locais na beira da estrada durante o trajeto moradores que são descendentes de italianos da região incentivando o grupo de corredores, ou melhor, de pedestres em alguns trechos.

Final de prova, medalha no peito, sensação de dever cumprido, e uma estrutura com comida (massas, polenta frita, queijos, brownies, frutas etc), hidratação, banheiros, e a maior atração de todas, a “festa do espumante”, pacote vendido a parte pela organização do evento. Não é exagero dizer que você cruza a linha de chegada e depois pega sua taça!!! Tratava-se de um serviço nada prosaico de espumantes brut e rosé em que participaram as vinícolas patrocinadoras: Miolo, Casa Valduga, Almaúnica, Aurora e Pizzato. Da Miolo, foram degustados o Cuvee Tradicion Brut e Rose, da Almaúnica foram o Brut 100% Chardonnay e o Moscatel; da Casa Valduga, apenas o Arte (uma pena não servirem outros também!!!); da Aurora, o Brut; e da Pizzato o Fausto Brut e Rose. 
É preciso ser sincero e dizer que logo após a conclusão de uma corrida de média distância, demora um pouco ao organismo aceitar tranquilamente os deleites e prazeres proporcionados por espumantes em profusão, mas depois começa a ficar convidativo, já que o clima esquentou literalmente.
Os participantes se avolumavam com a chegada dos últimos corredores e brindavam ao som de um hit atual “Despacito” de Luis Fonsi, nada mais pertinente, porque estávamos a desfrutar dos espumantes e do som do DJ na festa e queríamos que a tarde passasse realmente devagar, quase parando. Seria igualmente pertinente essa trilha musical para as subidas sucessivas da prova....!!! A cena era comparável a de uma Campus Party, pois o DJ comandava a festa do lado do pódio dos corredores e as tendas com comida e bebida circundavam o campo de futebol do lado do Parque Leopoldina, local da chegada.
Sobre os borbulhantes, pudemos novamente constatar a consistência e qualidade quase que permanente do Casa Valduga Arte que reinou nos Bruts seguido de perto pelo Cuvée Tradition; já nos rosés, o da Miolo prevaleceu no gosto popular, era de longe o que mais possuía filas para sua prova. Já a grata surpresa ficou com a qualidade do Fausto Rosé da Pizzato, para um espumante de entrada estava bastante redondo em boca, sem açúcar residual, às vezes existente nesses espumantes aliados a uma baixa acidez. Esse brut rosé da Pizzato tem outra particularidade, em vez da Pinot Noir leva em sua composição 10% de Merlot, dependendo da safra.

Sem dúvida, o ponto alto da prova foi o astral da festa realizada pelos participantes, pois nunca tínhamos presenciado uma descontração tão grande entre corredores em um final de prova. Os espumantes tiveram sua contribuição nisso com certeza, mas a animação e o local ditaram o ritmo que foi até às 15hs, quando esgotou o combustível da festa e o DJ alertou aos presentes que o último ônibus para retornar ao hotel oficial do evento partiria naquele instante.
Grande prova, grande desafio, grande festa, grandes brindes e grandes corredores, guerreiros que enfrentaram subidas difíceis, mas valeu cada instante da experiência. Recomendamos imensamente o evento que merece um brinde....!!! Voltaremos com certeza e da próxima vez para fazer os 21Kms... Que tenhamos pernas e fígado para esse novo desafio...!!! Saúde a todos!!!

Texto de autoria de Serpa Jr.

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