domingo, 29 de abril de 2012

Bodegas López - O velho mundo em Mendoza

A López começou suas atividades em 1898 e até os dias atuais continua nas mãos da mesma família. O seu fundador, José López Rivas, chegou a Mendoza em 1886 vindo da aldeia de Algarrobo em Málaga, Espanha, onde já cultivava videiras e oliveiras. São mais de 114 anos na produção de vinhos que não fazem qualquer concessão aos modismos, possuindo um estilo completamente velho mundo. Em uma degustação às cegas seus vinhos certamente não seriam identificados como mendocinos.


Por toda esta história e tradição, além da curiosidade em conhecer de perto a tão falada longevidade de seus vinhos, resolvermos incluí-la no roteiro de nosso primeiro dia de viagem. Definitivamente a experiência não começou bem. O almoço da López foi o que mais nos decepcionou nas duas vezes em que estivemos em Mendoza. O restaurante estava muito cheio, com mais visitantes do que a cozinha poderia atender. Uma falha grave, já que as vinícolas exigem reserva para a visitação e sabem exatamente quantas pessoas vão receber.


Em contrapartida, o lado positivo da visita, foi encontrar um estilo de vinho totalmente diferente do que se poderia esperar da Argentina. Um estilo que, embora seja de proposta francesa, como escutamos alguns comentários, lembrou bastante a velha escola de Rioja. Seus vinhos não passam por pequenas barricas de carvalho, mas por grandes toneis de até trinta e cinco mil litros, podendo envelhecer por até 10 anos nestes reservatórios e depois mais dez anos em garrafa, como é o caso do Montchenont 20 años.


A vinícola tem capacidade para armazenar um total de 40 milhões de litros, dos quais 5.240.000 são armazenados em toneis e barris de carvalho francês de 5.000 litros. Além disso, dispõe de caves profundas onde estão guardadas garrafas de diversas safras (desde 1938 até as mais novas), repousando com temperatura e iluminação amenas. Interessante foi a informação da guia do passeio sobre o processo de raspagem que os tonéis passam em média a cada 05 anos, onde o empregado que vai realizar o procedimento, assim como todo material envolvido no processo, tem que entrar pela “enorme” porta dos toneis, que pode ser vista na foto ao lado.


O fato é que são vinhos feitos para ter uma grande expectativa de guarda e, tanto é assim, que o 1990 ainda demostrava boa forma. O estilo de vinho produzido pela Bodegas López pode até não ser o nosso predileto, mas não há dúvidas que valeu a pena levar uma garrafa da safra 1990, outra da colheita 1995 e ainda ganhar um decanter (o legal foi voltar com ele na mala) de brinde. Foi inesperado encontrar em terras mendocinas vinhos com um estilo totalmente velho mundo, quando por lá imperam a fruta, a madeira e o alto teor alcoólico. Talvez se nossa visita não tivesse ocorrido em um feriadão, com a López superlotada, as nossas impressões fossem ainda melhores.

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